Um computador na mão e uma ideia na cabeça

Projeto Go Code ensina linguagem de programação a alunos da rede pública, aproximando jovens como Anna Luíza ao mundo do mercado de trabalho na área de tecnologia.

Aos 18 anos, Anna Luíza Andrade Ferreira não se considerava uma nerd, mas o universo dos games, dos smartphones e dos computadores a intrigava. Queria saber de onde surgem os aplicativos, como são desenvolvidos e quem são as pessoas que trabalham com esses códigos. À época, em 2014, estava no Ensino Médio da Escola Municipal Liberato Salzano Vieira da Cunha e, quando soube de uma rara oportunidade de imersão profissional no mundo digital, correu para participar da seleção.

Foi assim que a jovem, hoje com 22 anos, integrou a primeira turma do Go Code, um projeto concebido pelo Grupo RBS e pela Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho (FMSS) para dar oportunidades de crescimento profissional a jovens de escolas públicas por meio da linguagem de programação. A iniciativa, realizada também em 2015 e 2016, encurtou a distância entre estudantes e o mercado de tecnologia.

“Anna Luíza representa a síntese desse projeto de instruir jovens que normalmente não seriam impactados de uma maneira tão ampla pelo mundo digital”, recorda o programador André Vasconcellos de Castro, um dos instrutores do Go Code.

 

Lógica, Linguagem Java, Desenvolvimento Mobile eram as disciplinas do mundo digital que faziam brilhar os olhos de Anna Luíza e de outros 12 alunos selecionados naquela edição. No curso de 136 horas de duração, auxiliados por colaboradores de diferentes áreas do Grupo RBS que atuaram como professores voluntários, eles tinham a tarefa de desenvolver um menu de game mobile, com as funções de habilitação de conta, criação de personagem e adicionar personagem na conta e amigos.

“A programação entrou na minha vida pelo Go Code e ajudou a controlar a minha ansiedade, pois programar exige extrema paciência e concentração em função da quantidade infindável de códigos”, conta Anna Luíza.

Além do aprendizado do alfabeto das máquinas, o curso foi projetado como um instrumento de formação integral, com parte da carga horária sobre postura profissional e mercado de trabalho. O objetivo é dar aos alunos ferramentas para que possam fazer a diferença no mundo por meio da tecnologia.

“Anna Luíza representa a síntese desse projeto de instruir jovens que normalmente não seriam impactados de uma maneira tão ampla pelo mundo digital”, recorda o programador André Vasconcellos de Castro, um dos instrutores à época.

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Defesa do projeto final na banca avaliadora de 2014 (Amaralina Xavier/Agência RBS)

“A programação entrou na minha vida pelo Go Code e ajudou a controlar a minha ansiedade, pois programar exige paciência e concentração”, diz Anna

Os reflexos do aprendizado não demoraram a aparecer. Demonstrando facilidade na captação da linguagem e maturidade para convivência no ambiente corporativo, dois meses depois de conquistado o diploma do Go Code, Anna Luíza foi contratada por uma empresa de projetos de desenvolvimento e testes de softwares corporativos e permaneceu dois anos no local. O perfil burilado nas salas do Grupo RBS também a estimulou a iniciar dois cursos superiores em Tecnologia, o de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e o de Tecnologia em Redes de Computadores, ambos no Senac-RS.

“O Go Code foi um presente que Porto Alegre me deu que, além de ter me permitido adquirir conhecimento em uma área que eu sempre gostei, ajudou a me transformar como pessoa”, diz Anna Luíza

Para Anna Luíza, o projeto da FMSS contribuiu para o amadurecimento de seu perfil profissional:

“Cresci e aprendi a conviver melhor com as pessoas. Antes, eu preferia trabalhar sozinha e, agora, percebo o valor que é fazer algo em grupo”, diz.

Natural de Campo Grande (MS), Anna Luíza mora em Porto Alegre desde 2013. Hoje, com experiência de mercado, ela segue em busca de consolidação e mais estudos.

“O Go Code foi um presente que Porto Alegre me deu que, além de ter me permitido adquirir conhecimento em uma área que eu sempre gostei, ajudou a me transformar”, encerra.

 

Reportagem e edição: Ana Carolina Bolsson
Edição de textos: Vivian Eichler
Fotos: Letícia Zluhan
Vídeo: Johnny Marco Filmes