– Quando nós estávamos na campanha eleitoral, conhecemos uma mãe de uma criança com deficiência que ficava em casa o dia inteiro, cuidando dela. Ela tinha vergonha de sair para a sua com a criança, de levar ela para a escola. Hoje, ela está no segundo ano do ensino fundamental.
A frase é do ex-secretário de educação e hoje vereador de Erechim Alderi Oldra. A cidade do norte gaúcho conquistou, em 2016, o prêmio Experiências Educacionais Inclusivas, do Ministério da Educação, pelas iniciativas de inclusão de crianças com deficiência na educação infantil e no ensino fundamental. O prêmio rendeu um intercâmbio na Finlândia, para conhecer melhor as práticas de inclusão social no país que é 12º colocado no ranking da OCDE de escolaridade – e com a 6ª menor desigualdade social.
O prêmio de 2016 não foi fruto de uma iniciativa isolada. Em 2014, quando do primeiro prêmio de Experiências Educacionais Inclusivas, a escola municipal Irmã Consolata ficou na 1ª colocação entre as escolas com melhor inclusão de pessoas com deficiência no Brasil.
A educação inclusiva era nossa prioridade, no eixo central da secretaria. Se fosse necessário investir em novas salas, em vans adaptadas, não entrava em discussão – atender as pessoas com deficiência era prioridade – , afirmou o secretário.
O trabalho em Erechim vai além da escola – o desempenho das pessoas com deficiência na escola também exige trabalho de professores e funcionários das escolas com as famílias.
Todas as escolas têm sala de recursos multifuncionais, para atender as crianças no contraturno, o professor de Atendimento Educacional Especializado (AEE) e também o professor de apoio, que faz a relação da escola com a família – , afirma o ex-secretário.
O sucesso do projeto faz com que a atual gestão da prefeitura mantenha as práticas, ainda que os partidos sejam de oposição na política – o atual prefeito, Luiz Fernando Schmidt, é do PSDB, e Alderi Oldra é do PT.
A política de inclusão é nacional, e estamos fazendo o cumprimento da lei”, afirmou a secretária adjunta de educação de Erechim, Mara Pilotto. “O processo de inclusão de pessoas com deficiência nas escolas é um processo natural. Todas as crianças têm o direito de estar na escola, inclusive as pessoas com deficiência física ou intelectual. É uma pauta que nem se discute – , afirma.
Com formação em pedagogia e orientação educacional, a atual secretária-adjunta considera que as dificuldades na inclusão de pessoas com deficiência não deveriam ser impeditivo para a aplicação das políticas previstas em lei pelos gestores públicos.
– Nós precisamos muito acreditar nos seres humanos, e entender que somos muito mais iguais que diferentes. A adaptação das pessoas com deficiência na escola não é fácil, mas é necessária uma mudança de cultura. As pessoas que têm essas limitações podem dar muito de si. Os gestores têm que ter essa compreensão, se não por opção, por lei – , declara.