Aos 5 anos de idade, a hoje socióloga Fernanda Ferreira perguntou aos pais o que o irmão três anos mais novo tinha de diferente. A mãe explicou: Mateus tinha autismo e ela teria duas opções: amá-lo ou rejeitá-lo.
A gaúcha de Porto Alegre escolheu amar, e essa decisão tomada há 20 anos evoluiu e se concretizou em um blog.
“É outro modo de estar no mundo. Acho que é uma sensibilidade incomparável, uma inocência que esta em todos eles, independente do grau, explica Fernanda.
Além de compartilhar experiências e o cotidiano dos dois, a página Eu sou a irmã do Matheus também busca falar sobre a falta de políticas públicas e do cumprimento de leis que dão aos autistas o direito a tratamentos de saúde e inclusão nas escolas.
Em uma das publicações, Fernanda descreve a mudança que o irmão proporcionou em sua vida.
“Mateus é um jovem que tem autismo severo não-verbal. Minha vida certamente não seria a mesma se não fosse essa convivência. Com ele, aprendi a amar, a servir, a me doar. Aprendi a perdoar, a ceder e a lutar por um mundo melhor, para ele e para todos os autistas e seus familiares que eu já encontrei e encontro nessa caminhada”.
Comportamentos atípicos, dificuldades de interação e na comunicação são algumas das principais características manifestadas no autismo. Mas um diagnóstico precoce, terapias e atividades direcionadas podem ajudar a mudar essa realidade.
“Minha mãe fez uma camiseta até para dizer que o Mateus era autista, e caso ele não tivesse um bom comportamento, ela era só uma mãe tentando educar o filho”, lembra Fernanda.
Mas todas as ações, o carinho, a paciência e o amor da família ajudaram Mateus, e Fernanda quer levar isso adiante com o blog, ajudar outras famílias e autistas.
“Eu acho que eu desenvolvi essa consciência de olhar para o próximo, de saber que existem realidades diferentes da minha. O Mateus me ensinou a me comunicar sem palavras e amar incondicionalmente”.