A inclusão de pessoas com deficiência e a garantia de todos os direitos está prevista na Constituição do Brasil. Porém, mais do que incluir as pessoas com deficiência em todos os espaços da sociedade, é necessário reflexão e mudança de comportamento. Uma das formas de fazer isso de forma é levar o tema para a infância ou para o início da juventude.
Por isso, consultamos três especialistas que lidam com educação inclusiva para que indicassem livros e filmes a serem trabalhados na escola de acordo com a faixa etária. Elas são: Marília Forgearini Nunes, professora adjunta da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Mara Lucia Sartoretto, pedagoga, diretora da Assistiva Tecnologia e Educação, autora de livros e artigos que abordam o tema da educação, atendimento educacional especializado e tecnologia assistiva, e Carolina Soares, psicopedagoga e pedagoga pós-graduada em Educação Inclusiva, acompanhamento terapêutico e orientação e supervisão escolar e co-fundadora da Minha Porto Alegre, ONG que trabalha em propostas para melhorar a vida na capital gaúcha.
“É importante ressaltar que nem todos abordam a temática da inclusão de maneira explícita, isto é, nem todos tem um tema fechado. A potência deles é ampliar os sentidos e propiciar uma reflexão ampla sobre a inclusão”, explica Marília.
Confira abaixo as sugestões:
Para crianças (Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fund.):
Poá, Marcelo Moreira
O texto visual conta a história de uma galinha-d’angola, a Poá, que mora no campo e passa a ver as suas colegas de um modo estranho. Ela as percebe com pintas e fica estarrecida com o que vê. Então, tem uma ideia e bruscamente sai de cena, voltando com um par de óculos. A partir daí, visualiza as colegas galinhas com nitidez e indizível felicidade.
Olívia não quer ser princesa, Ian Falconer
As meninas querem ser princesas. Quase todas, não a porquinha Olivia! Inquieta como sempre e mais inconformada do que nunca, ela enfrenta uma crise de identidade infantil. Todas as suas amigas só querem saber de ser princesa, com vestido cor-de-rosa e varinha de condão. Olivia se pergunta: por que é que todo mundo tem de pensar do mesmo jeito, vestir as mesmas roupas, sonhar os mesmos sonhos? Ela queria ser diferente. Mas o que Olivia quer ser? Na nova aventura da série, a contestadora porquinha descobre que a vida é cheia de alternativas. E, usando toda sua criatividade e rebeldia, perturba os pais falando sobre as possibilidades de escolha que mais combinam com seu jeito todo próprio de ser. Olívia, apesar de ainda muito nova, busca construir sua identidade feminina. Ao final do livro, chega a uma conclusão surpreendente e de muita personalidade.
O livro negro das cores, Menena Cottin e Rosana Faría
A obra é uma experiência de leitura que explora os sentidos. Por meio de uma história, em que o personagem principal Tomás é o guia, o leitor é levado a conhecer o mundo através dos cheiros, sabores e sons. O texto, com a tradução em Braille e com imagens sugeridas, convida o leitor a tocá-las e a perceber esse universo. Ilustrações em relevo tem objetivo de fazer o leitor experimentar várias texturas e também de o desafiar a recriar as cores, a pensar no cheiro, no som ou no sabor que cada uma delas pode ter.
O passarinho que não sabia voar, Fabiano dos Santos
Quem sou eu?, Gianni Rodari
Esta história, simples como todas do escritor italiano Gianni Rodari, nos apresenta uma pergunta que todos nós nos fazemos (ou deveríamos fazer) em algum momento da vida. O texto é construído como uma história cumulativa, que diverte e faz pensar sobre o papel e o lugar de cada um em suas relações pessoais e no mundo.
A felicidade das borboletas, Patrícia Secco
Marcela é uma garota especial. Ela tem nove anos de idade e vai se apresentar como bailarina pela primeira vez. Está ansiosa, mas se sente segura, pois, mesmo sem enxergar, conseguiu desenvolver várias habilidades, como dançar, andar de bicicleta, nadar. Graças ao carinho e à atenção de todos, sente-se aceita e autoconfiante.
Um mundinho para todos, Ingrid Biesemeyer Bellinghausen
Era uma vez um mundinho em que cada habitante tinha um jeito de ser bem diferente do outro – uns viviam no norte e gostavam de andar descalços; outros no sul e adoravam tomar chocolate quente; alguns não enxergavam muito bem e precisavam de ajuda. E cada um deles tinha sua forma de agradecer por viver num lugar tão feliz. Com texto impresso em Braille, esta obra é, também, destinada a leitores com visão subnormal e deficientes visuais.
Tudo bem ser diferente, tradução de Marcelo Bueno
Tudo bem ser diferente trabalha com as diferenças de cada um de maneira divertida, simples e completa, alcançado o universo infantil e abordando assuntos que deixam os adultos de cabelos em pé, como adoção, separação de pais, deficiência física, preconceito racial, entre outros.
Para público infanto-juvenil (Ensino Fundamental e Médio):
Pai, me compra um amigo?, Pedro Bloch
Esta é a história de Bebeto, um menino diferente que quer achar seu lugar no mundo. Mais que isso, ser aceito, compreendido, amado. Além destas dificuldades, o livro mostra pais ausentes, colegas preconceituosos. Bebeto deu um passo, os amigos, outro, os pais, outro, de modo que todos puderam mostrar sua sensibilidade às questões alheias, trabalhar as relações humanas, a autoestima, amadurecer, e crescer em todos os sentidos.
Um Guri Daltônico, Carlos Urbim
Quase todo mundo consegue diferenciar verde de vermelho, mas Dadau não consegue. Quando o jogo é time verde contra time vermelho, ele passa a bola para o jogador errado. Sempre morde a parte branca e sem gosto da melancia, compra linha laranja no lugar da azul e acha complicado entender o semáforo. Dadau é um guri daltônico, mas como qualquer menino da sua idade, quer brincar, jogar bola e ajudar sua mãe nas compras. Ainda bem que ele é esperto e tem muitas ideias criativas para adaptar seus olhos a um mundo cheio de cores.