Em nome da crença em um futuro melhor por meio do esporte, há 20 anos surgiu o Projeto Vasquinho do BGV, em Rio Grande, no Sul do Rio Grande do Sul. Jorge Garcia, mais conhecido como Mano Jorge no bairro Getúlio Vargas, resolveu, sozinho, levar crianças e jovens para jogar futebol em espaços públicos, pensando em mudar a realidade de uma das localidades mais violentas da cidade.
“Eu achei que desenvolvendo um projeto especial, um trabalho que possa manter as crianças, os jovens, o adolescente fazendo alguma atividade social esportiva, acho interessante até para a própria comunidade onde a gente vive, nosso próprio Brasil”, conta Mano Jorge.
Acho importante termos uma atividade que mantenha eles focados em algo que será bom para eles amanhã”, completa.
Atualmente, o Centro Assistencial Cultural e Esportivo do Projeto Vasquinho do BGV atende, todos os sábados, 40 crianças a partir dos 4 anos com aulas de dança, teatro, artes marciais e reforço escolar.
No futebol, são mais 30 participantes que têm de 11 a 20 anos. As atividades são feitas em espaços improvisados, como no fundo da casa do Mano Jorge, e sempre com a ajuda de voluntários. Tudo fruto de doação, seja o material, o tempo e até carinho.
Voluntária da entidade, a arquiteta e urbanista Giovana Trindade ajuda nas atividades e com as dúvidas da escola. “Tentamos trazer para as crianças uma visão de mundo um pouco diferente da que elas têm aqui. É um trabalho de formiguinha, vamos aos poucos tentando modificar essa realidade deles, mas o que nos surpreende é que saímos agradecidos e com o coração aquecido”, afirma.
Já o pastor voluntário Edson de Souza fala sobre estudos bíblicos com a criançada. “É um prazer. Eu não consigo dormir sem pensar em ajudar. Então cada criança que eu vejo na rua, converso com os pais também para eles deixarem trazermos as crianças, tirarmos elas da rua, para ter um momento gostoso como esse que eles tão tendo”, ressalta o voluntário.
É no projeto que as crianças se permitem sonhar, sem se preocupar com os problemas das ruas. A aluna Lara Kimber tem 7 anos e quer ser cantora. Por enquanto, ela se diverte. “Eu gosto de brincar. Esconde esconde, pega pega…”, conta.
Já a Jamilly Silveira Pereira, dois anos mais velha, quer ser juíza e se sente muito bem na sede do projeto. “Aprendemos bastante coisas, brincamos, fazemos de tudo um pouco”.
O sentimento é o mesmo no campo, onde os jovens aprendem a lutar por um mundo melhor. “O Projeto Vasquinho consegue entrar bem nesse aspecto, de atingir, tirar muita gente da rua e transformar em grandes homens, que hoje em dia fazem falta na nossa sociedade”, diz o vigilante Andrei Dias, de 19 anos, que participa da iniciativa.
Assim como ele, o amigo Nathan Ribeiro, 17 anos, se sente em família. “Conheço alguém que poderia ter seguido o meu caminho aqui no projeto, mas infelizmente já se foi, porque as drogas na rua estão dominando tudo, e aí fica difícil. E esse projeto ajuda muito a tirar as pessoas da rua, das drogas”, diz o estudante.
Alguns meninos que entraram no projeto pequenos tornaram-se atletas, participam de competições e se destacam. Entre eles está o Janderson, que já jogou no São Paulo de Rio Grande e hoje mora em Porto Alegre, porque integra o time do São José.
Mais de 400 jovens e crianças já passaram pelo projeto, que para seguir fazendo a diferença, precisa de qualquer ajuda, como doações de material escolar, material para o futebol, para que eles possam treinar e competir, ou só um pouquinho de dedicação para bem mesmo.