Para quem está em sala de aula, o prêmio ou a indicação são formas de mostrar para o mundo que o trabalho de educar pode ser inovador e transformador. Iniciativas como o Prêmio RBS de Educação, que acaba de entrar na fase de voto popular, são um exemplo de como a sociedade pode reconhecer os bons trabalhos de professores.
As premiações, além de reconhecimento, transformam vidas e dão visibilidade a grandes projetos. Conheça os exemplos de Wemerson Nogueira, único brasileiro finalista do Global Teacher Prize, e Denise Rodrigues de Oliveira, gaúcha vencedora do prêmio Educador Nota 10.
O professor Wemerson Nogueira, do Espírito Santo, é um exemplo disso. Vencedor do prêmio Educador Nota 10, ele foi finalista em 2016 do Global Teacher Prize, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Na ocasião, Wemerson foi o primeiro brasileiro a chegar entre os finalistas deste prêmio.
– Em julho de 2016, ouvi falar desse prêmio através de uma amiga. Descobri que iriam premiar o professor em 2017, com 1 milhão de dólares. Pensei: “puxa, por que não entrar nessa história? A educação melhorou tanta coisa na vida dos meus alunos…”. Me inscrevi no dia 15 de agosto, quase não consegui enviar. Achei que não seria selecionado, mas em dezembro recebi a notícia que fiquei no Top 50. Fui o primeiro brasileiro, o primeiro latino-americano – afirma o professor de ciências e química, de 26 anos.
No ano passado, Wemerson foi premiado graças a um trabalho realizado com alunos da Escola Estadual Antônio dos Santos Neves, de Boa Esperança (ES), sobre a contaminação no Rio Doce, vítima de um vazamento de substâncias tóxicas provocado pela mineradora Samarco. O projeto surgiu para estimular os alunos a gostar de química.
– Eu usei a tragédia de Mariana para ensinar a tabela periódica. Comecei a dar aulas no Rio Doce, coletávamos amostras e estudávamos as águas contaminadas com os metais pesados, relacionando teoria e prática. Os alunos conheceram vidas novas, uma realidade nova, com gente que perdeu tudo na tragédia. Ao final, criamos um filtro, que tinha capacidade de deixar a água do Rio Doce utilizável no ambiente doméstico. Esse filtro foi produzido com material sustentável e reciclável: areia fina, areia grossa e pedras. A água entra suja, avermelhada, e sai transparente, pronta para usar. Uma vez filtrada, ela tem 75% de isenção dos metais pesados – diz Wemerson.
Em outubro daquele ano, Wemerson foi eleito Educador Nota 10, o que o motivou para buscar o prêmio global. “Eles encontraram e implementaram uma solução para o principal problema da comunidade ribeirinha, transformando sua realidade”, afirmou na ocasião o professor e selecionador do prêmio Mário Domingos para a revista Nova Escola, do Grupo Abril.
Neste ano, uma gaúcha é vencedora do Prêmio Educador Nota 10. É Denise Rodrigues de Oliveira, que atua na Escola Municipal Infantil Érico Veríssimo, no bairro Passo das Pedras, em Porto Alegre. O projeto foi inscrito quando Denise ainda trabalhava na escola Floresta Encantada, de Novo Hamburgo, e desenvolveu um projeto que transformou a relação de bebês com a sala de aula.
– Observamos que os bebês do berçário não tinham interesse em se deslocar pela sala. As crianças ficavam sentadas, e choravam quando saíamos de perto. Buscamos os métodos da professora Emmi Pikler, lemos os livros dela, assistimos aos vídeos, e propusemos uma nova abordagem: tiramos os berços, para dar mais espaços aos bebês; confeccionamos materiais de sucata para eles brincarem; trocamos os berços por colchonetes, assim eles se moviam sozinhos quando acordavam. Construímos brinquedos com os mais diversos materiais, como pranchas de skate, madeira, fizemos até uma passarela com canos de PVC – afirma a professora, de 37 anos.
Sempre que desenvolve um projeto interessante, Denise procura se inscrever em prêmios. Dessa vez, o resultado foi muito positivo: a vitória repercutiu teve uma enorme repercussão na imprensa e trouxe grande reconhecimento ao seu trabalho.
– São muitos os bons projetos que não saem da escola, e falta um pouco de coragem de acreditar. Eu vi uma colega que trabalhou com yoga e fez a história dos Três Porquinhos com pães. Eu disse: “guria, se inscreve”, e ela respondeu “ah, não sei…”. Eu me inscrevo em prêmios há alguns anos. Acho que motivação é a palavra certa. Não é só a premiação e as reportagens, mas também o compartilhamento das boas práticas com os demais professores, para que eles possam fazer na sala de aula – afirmou.
Wemerson concorda com essa ideia.
– Existem muitos professores bons, disseminando a prática em sala de aula, mas estão ocultos. Faltam políticas públicas para incentivar o crescimento desses profissionais, aí o trabalho do professor parece sempre uma coisa negativa. Nosso país não valoriza de forma adequada os profissionais de educação, as secretarias precisam ajudar a disseminar os bons exemplos – afirma o professor.
Conheça aqui os finalistas do Prêmio RBS de Educação e vote nos melhores projetos.