Ciente da importância da tecnologia para a Educação, o Instituto Estadual Santo Tomás de Aquino (IESTA), em Marau, no Norte do Rio Grande do Sul, realiza desde 2011 um programa de robótica educacional. Arduino Mania nas questões do dia a dia é realizado em oficinas e workshops no contraturno das aulas de estudantes entre 14 e 18 anos. Desde o ano passado, é um dos projetos que figuram no Mapa de Boas Práticas na Educação, levantamento da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho que valoriza e dá visibilidade a iniciativas gaúchas de impacto social em educação formal ou não-formal.
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Na prática, Arduino Mania se realiza uma vez por semana, quando os alunos do IESTA selecionados a partir do interesse pelo assunto se reúnem para projetar e criar protótipos e sistemas em um ramo da tecnologia que reúne mecânica, eletrônica e computação. A ideia principal é propor o projeto e a construção de um experimento investigatório e exploratório. Finalizados, os projetos então são levados para participar de competições e feiras de ciências. Instigando a criatividade e a inteligência, o programa estimula o desenvolvimento multidisciplinar.
– O principio do Arduino Mania é que o aluno seja o criador. Diferente do lego, por exemplo, que você só altera algumas coisas, mas ele vem pronto. O Arduino dá ao aluno a oportunidade dele mesmo criar – explica Elis Regina Albano, professora que criou o projeto.
O projeto começou em 2011 por iniciativa de Elis Regina nas aulas de Informática do Instituto. Com três graduações – Administração pela Universidade Norte do Paraná (Unopar), Matemática e Física pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), e duas especializações, a professora de 43 anos ganhou o apoio da direção da escola. Assim, em 2014, o programa cresceu, extrapolando o horário de aula e arrebanhando mais estudantes de diferentes idades. O primeiro apoio foi da coordenadora do projeto Mais Educação, Hozana de Fátima Pereira e logo após da direção da escola.
– Em países de primeiro mundo os recursos tecnológicos funcionam como um potencializador no que diz respeito à educação, mas no Brasil, a tecnologia que é usada nas escolas, é mais usada como forma de captação de informação, por exemplo, com o uso de bibliotecas online que facilitam na logística, mais fácil de achar os livros, mais rápido do que bibliotecas tradicionais – defende ela no texto em que justificou o seu projeto.
Com suas principais criações – a maquete de um prédio inteligente com iluminação acionada por sistema mobile e um protótipo de garagem que abre e fecha por meio do acionamento dos faróis do carro -, os alunos do programa já participaram da fase prática da Olimpíada Brasileira de Robótica e foram vencedores do Prêmio Maker, que tem como característica selecionar projetos com o máximo de peças confeccionadas pelos participantes e não compradas prontas. Além disso, conquistaram o primeiro lugar em uma das etapas da Olimpíada de Robótica Educativa Livre na Universidade de Passo Fundo (UPF).
Além de estimular o desenvolvimento cognitivo, o trabalho coletivo também instiga valores como cooperação, aproximando alunos e professores em uma saudável convivência.
– O professor deixa de ser o único e exclusivo provedor de informações para tornar-se o parceiro no processo de aprendizagem – complementa a Elis.
Os benefícios que extrapolam conteúdos e são percebidos além da sala de aula são confirmados pelos próprios participantes. Um deles, João Vitor Cauz, de 17 anos, que atuou em Arduino em 2013, definiu o curso superior depois dessa experiência e hoje cursa Ciências da Computação.
– A Elis me ajudou bastante, foi por causa dela que comecei a gostar da área. Tudo isso valeu a pena para o meu desenvolvimento e também pra eu conseguir entrar e gostar da faculdade que eu to cursando hoje em dia – diz.
O mesmo aconteceu com Gustavo Panisson, de 16 anos, que hoje estuda na área de automação e projetos robóticos. Segundo ele, o interesse por robótica surgiu quatro anos atrás, quando integrou o Arduino e colaborou na criação de jogos educativos no computador e desenvolvendo projetos de lógica.
– Gosto muito da robótica porque nos da liberdade de criarmos o que quisermos, pois é um aprendizado sem fronteiras aonde uma coisa manual pode se tornar totalmente automatizada! A robótica me trouxe a ideia de que nada é impossível, basta querer – afirma.
Depois de participarem de olimpíadas estaduais e de tantas outras competições, os alunos que já passaram de fase dentro do projeto transmitem o conhecimento voluntariamente a novos alunos, dando continuidade a Arduino Mania mesmo após a formatura. Gustavo também é um dos futuros orientadores neste ano.
Além disso, os integrantes da equipe Arduino Mania fundaram em 2017 um núcleo de ciência e tecnologia no Instituto, onde realizam atividades e se reúnem em horários de folga para prestar serviço voluntario tanto para a comunidade escolar quanto para a comunidade. Já fizeram uma pedágio solidário em prol do hospital da cidade e fundaram uma mostra de ciência e tecnologia onde apresentaram trabalhos científicos, incluindo os de robótica e organizaram ainda uma feira de profissões no parque de exposições do município de Marau.